Tropeçar

Há circunstância que levam a pessoa tropeçar.
Uma pedra, um desnivel, um objeto fora do lugar,
um desequilíbrio.
Tropeçar obriga a mudar o rumo depois de uma quantidade de impropério se, por acaso, provocou
uma queda, uma dor, uma ferida.
Perder o equilíbrio desorganiza a caminhada,
retira a atenção, manifesta a fragilidade.
Tropeçar põe em causa as capacidades e
interroga sobre a realidade.
Como é que não vi?
Como é que não fui capaz se vi perfeitamente?
Como é que isto foi acontecer?
Porque é que não tirei isto daqui antes de lhe bater?
Quem deixou isto fora do lugar?
Será que em outras ocasiões também não reparei mas tive sorte em não torpeçar?
Algum dia caio mesmo? Tropeçar acontece, mas não devia acontecer, dizemos nós.
Tropeçar parece querer dizer, perder.
Quantas vezes assim é. Perde-se, e muito.
Mas quantas vezes tropeçamos numa pessoa
e nasce uma amizade?
Quantas vezes tropeçamos num problema e encontramos a resposta.
Tropeçar, às vezes é encontrar aquilo que procurávamos há  tanto tempo.
Esperávamos ver suceder, desejávamos que acontecesse..., tropeçámos, desequilibrámos,
andámos na insegurança, doeu, magoou, fez ferida, provocou lágrimas mas, de repente, como que por magia, aconteceu.
Afinal estava aqui, tão perto..., nem tinha dado conta..., como é que nunca reparei...,
como aconteceu...?
As surpresas da vida surgem tantas vezes nestes tropeços que nos magoam.
A luz brilha mais intensamente depois de um apagão porque tudo ganha nova vida no risco de se perder. Quantas coisas se escondem atrás daquilo a que nos agarramos para sempre e não queremos perder.
Não são acasos mas casos sérios de  torpeçar para endireitar caminho, perder para ganhar, passar a escuridão para perceber a luz.
Quero tropeçar em mim, hoje, para me encontrar.


Autor: Manecas
http://manecas-azul.blogspot.com.br